fim de festa

dancei com todas as minhas ilusões.
fiz palco na laje
dos raios de meio dia
holofotes para o drama
melancolia paliativa

o sol não havia se posto
apesar da foto desfocada
meu rosto
sorria por dentro.

inverso ou reverso
e em via de mão dupla
mais dia ou menos dia,
minhas pernas cansariam.
porque sofremos em degradê.

7:30

não sei o que me deu
que ao olhar pra você
com esse cabelo molhado,
com tantas certezas às 8 horas da manhã,
assobio de café quente.

parece que a tua imagem se enrola,
cada dia mais
nas cortinas da minha nova casa
cabelos sobre a cama
querendo semear meus sonhos
com tua certeza
de presença

É uma estrela, preta.

minha filha é uma estrela negra
retinta,
preta como a neve
black bird
pronta pra voar

em dias claros, com muito sol
suor e persistência
a distância se derrete
marrom

retinta,
minha filha é uma estrela negra
clara como a noite
preta como o dia

Ayo na multidão
visitando os sonhos
África Natal

lá vem!
a minha estrela retinta,
com o mar atravessado em sua garganta

a vida é uma moto há 80km/h numa curva fechada, em dia de chuva

tudo que brota, sangra
todo sacrifício
é morte vívida
se nasce sangue, flúido
morre pedra, pó

se nasce dente
mata a fome
permanece em vida.
na despedida da virgindade,
vida no Leste
óvulo infecundo,
vida no Poente

na vida-quase
há quem corte      - [matei um verso, bem aqui!]
e se seja cortado
em sacrifício que é

as estrelas, pó
a gente, sangue
as estrelas, luz
a gente, lágrimas

assim pedala o cosmos,
na vida
que é morte
e acima de tudo
tudo

poesianh abstrataísta pós moderniana

A(mar)
e Ana
para aca(l)-mar, o
Ser-tão
amanhã-será
pre fáci(o.l.)

cre-ser-sendo
e flúor(e)sendo
sol-te (se).
Pois é re-en-cont(r)ar
d-ando e
cre-ser-sendO
forte-mente sempre,
o amar-é-elo
poder(á) /ser/ dê-mais.

- Oh Fran,
cisco no teu olho!
Deve(ria) ao ver o sol-entrando
em so-lar(g)ado

Dor(e) o amor
Só(l)ar,
a-Mar-tinha
mais cria-te vida
de,
ver(d)arde.
Credo
Me já
Vou
Cansei
Sei                                [shua-s(h)ua-shuashuas]

em anexo, um beijo

é por essas e outras que não te escrevo:
tenho medo de tua imaginação
às vezes.

me tens como um tesouro
sem valor algum
em terras espirituais.

custa demais
querer alguém
em transcendência.

inertezas

Comunico que:
pode ser num dia desses
em que recusas me abraçar,
desejar
transpirar em calor
confluir cosmos

Que
Ao me descolorir

eu me resolvo
e te deixo
com teus vácuos,
monossilábicos
e bocejos.

a grafia nos teus olhos

seria bom te redescobrir,
marcar um dia, te ver
pelas lentes da minha câmera,
te contemplar,
coisa que já não faço há tanto tempo,
e não sei se bem fiz
é que, meu coração soa saudade,
mas como fazer
se não há caminhos de entrega,
rotas mapeadas,
tempero nos teus olhos?

então, com uma objetiva,
iria te mirar, investigar
se ainda permanece da mesma forma
que me deixou,
te pedir desculpas singulares,
imprimidas em todo meu mal jeito
de quando encontro,
escancaradas no meu suor que não percebes,
entre as ruas e festas da cidade
ficando no meu paladar,
o gosto não remendado da saudade, e
click.

ao remontar a memória congelada, dei 45x zoom, e lá estava, meu sorriso revelado na pupila dos teus olhos.

a prova de que você me via.

Eu ainda não nasci

Eu ainda não nasci.
Quase que morro nessas palavras.
Acordado ainda no travesseiro
Ainda é meia noite, e eu
Ainda não nasci

Diz o horóscopo,
Que meu Sol vibra
Meus chakras precisam se realinhar
Por trás
da linha do poente, pra nascer.

O galo me lembra: nasce.
Mas como cria, esqueço
que
ainda não me criei
Logo, não cresço.

Prego e rogo
Suplico
A luz que nada toca
O despertar das horas tocando o amanhecer

Eu talvez um dia renasça.
Sem nascer.