Esqueça-me

Esqueça-me
Em teus maus dizeres ao pé do ouvido
Nas encruzilhadas do teu vestido
Na nuca bem lambida
Esqueça-me e juro que me perderei

Esqueça-me
Mas no capuz do teu prazer
Andando por tantas milhas
Sem pudor nem rapidez
E saibas que ao me esquecer
Não te negarei nenhum dos idiomas
Falarei em tantas mil línguas
Até a língua dos anjos

Esqueça
Seu colo no meu rosto
Esqueça
Tua veste em meus olhos
Esqueça-me 
Em seu tempo, e pulsar corpóreo
Sim, esqueça-me em teus desejos
Ora pois sou eu o professor dos meus dedos!?!

Ah!
E se por acaso
Teu ciúme ousar em querer te maltratar
Forçando a me esquecer amor
Aprenda a esquecer!

Esqueça-o!

Aliteração das Estrelas

Minhas medalhas estão todas guardadas
Minhas borrachas, apagadas
Por fim, tento-me e bato
Basta

Eu, e a visão aérea das coisas
Deparo-me no parapeito da cama
À cantigas de tosses
À cheiro de poeira

Numa noite dessas
Em que paramos e observamos as estrelas
Paramos de redigi-las, e nela adentramos

Assim como um rio, corre para seu devido mar
Meus olhos seguiram o percurso das estrelas
Nelas vi, e não vi
Senti, e não senti
Triste foi sair dessas águas
Mas a alegria é o fato de poder introjetar-las.



Noite de Plástico

Num dos caminhares, vi um clarão
Nas perspectivas dos meus olhos
Possivelmente a Lua

Mas ao atravessar por meus olhos
Agora de fato, completos
Não se tratava de Lua
Somente uma lâmpada, que sempre
Luzia em vão

Na rua.