Olhar futuristico

Espero cansado e aflito
Distantes dias da minha agonia
Que na longa primavera
Foi-se inverno no meu torso

Porém
Contudo
Entretanto
Vejo-me vitorioso
Vejo-me enorme
Diante dos meus olhos.

Rochas humanas

O perigo está próximo
O perigo é sombrio
Porém não vejo perigo
Então
Arrisco-me

Arrisco-me em me lançar
Por entre as rochas
Rochas humanas
Tão iguais, tão iguais

Às Vezes sinto-me vazio
Às vezes me sinto cheio demais
Pra continuar andando
Andando por entre as rochas
Rochas humanas

Firmes para segurarem
Umas sobre as outras
Quebradiças quando expostas ao Sol
Ao mar, ao vento
Continuo preso por entre as rochas
Rochas humanas

Sem medo
Passo a compor meu muro
Ora sou homem, ora sou sempre uma rocha
Faço parte desse mesmo bioma geográfico
Só me prendo a mais rochas.

Noite

É noite
Os pássaros dormem
Não cantam mais

É noite
A escuridão abocanha todas as estrelas
Que para que não sejam absorvidas
Brilham o mais forte que podem

É noite
Tranco-me em minha própria noite
Trocando pensamentos, com as minhas estrelas
Mostrando que o meu vazio noturno
Preenche-me de ilusões.

Travessia

Chega-se a hora
De deixar pra traz
Todas as minhas escamas
E agora completar-me de armaduras
Para enfrentar um mar de desafios

Lutar contra o tempo
Lutar contra o rio inverso
Que para mim, nunca passou
Mas não é isso que diz meu espelho

Corre!
Vai, corre!
Enquanto há tempo
Pois não há sofrimento maior
Que um arrependimento!

Jogo de taças

O amor é uma pilha linear de taças de vidro
Constrói-se
Fica a mais bela de todas
Mas
Ao tirar a primeira taça colocada, a base
A pilha desbrava em mil pedaçinhos

Quem removeu a taça?
Aquela mão que não se machucará com os cacos lançados
Quem construiu a torre de taças então?
Duas mãos
Onde estão?
Uma se foi
Pois cansou de elevar a pilha
A outra
Está retalhada, coberta por um vermelho ainda pulsante
Vivendo uma sobrevida
A espera de um curativo
E assim, recomeçar tudo outra vez
Só mais um jogo de taças.

Livre prisioneiro

Você já viu alguém chorar?
Ou pelo menos foi ajudar?
Às vezes ninguém sabe o que sinto
Pois há um vazio
Ali ou aqui dentro

Sentir-se  livre
Mas só por um instante
Logo vem a lembrança
E nunca foi o bastante

Estou livre
Mas ainda me sinto um prisioneiro
Do teu afeto

Estou livre
Mas não queria estar
Pois onde eu estiver
Vem o recordar

Como pode alguém perceber
Um fogo tão grande arder
Todos os gestos escondidos
E canções
Soadas ao ouvido?

Quantas canções já cantei
Quantas flores já senti
Mas nenhuma delas
Fizeram-me sentir
O que eu quero sentir

No outono quero cair
Na primavera desabrochar em ti
Um sentimento reprimido
Que se escondeu no verão

E assim lembrar
Mais uma vez
Que eu volto a te amar
Apesar do que me fizeste
sonhar.

Ardor, amor

Como me apaixono facilmente
Tanto que nem sei se ainda
Estão em meu consciente

No meu peito existe um cara
Que se abre totalmente a qualquer
Demonstração de carinho

Até hoje, depois de muitas apunhaladas
Ele continua lá, bem no centro do seu reino
Onde lá talvez ele ainda possa mandar

Não faz cálculos
Probabilidades
Ou quaisquer outras operações ou raciocínios
Ele só age por impulso
Impulso tão grande que ele se joga
Num abismo escuro e gélido

Guerreiro esse cara
Pois a tantas batalhas, derrotas
Ele ainda não desistiu
Mesmo prometendo a si mesmo
Nunca mais sofrer

Apesar de tudo isso
Não se vive sem ele
Pois a vida perderia a essência, o sabor
Espero que ele nunca desista
De encontrar o seu ardor.

Viva a vida!

Como amar é difícil!
Difícil é deixar de amar!
Posso até estar cometendo erros
Mas ainda sei o que é amar

Tantas coisas livres por ai
E gente se matando por amor!
O amor é que deve se matar por nós

Vamos juntar nossas tralhas
Deixar tudo de lado
Abandonar sentimentos
Que só lembram o passado

Pois o passado é agora!
Segundo após segundo
Nossa vida irá se escapar de nossas mãos
Deixa-te e viva!

Medo, a carta

A distância vive a me corroer mais e mais
Até qual ponto posso superar essa ânsia de amar, tocar, e sentir.
Seria o amor estando à prova que nos coloca tantos espaços entre nós?
Será um simples teste do destino a nos colocar barreiras invisíveis, e assim dizer
“-Superem, só assim merecerão o amor um do outro!”

Vejo-me no futuro
Tantas e tantas vezes
Tenho medo de ser fraco, cair em todos os meus objetivos pré-elaborados
E acabar em desgraça.
Vejo-me preso a um amor, somente a um amor, que quando perto é esplêndido
E quando longe, arde sem dó.

Estou confuso!
Sei que não estou só, disso tenho certeza
Mas o futuro
O futuro é o meu maior pesadelo!
É tão estranho depender de outra pessoa para se amado.
Antes amar a si
Pois sabemos o que realmente sentimos por nós mesmos.

Tão longe está minha amada
Fisicamente
Mas ela nunca esteve tão perto
Tão perto da minha alma
Do meu ser
Do meu coração

O meu maior medo também são os outros
Coração apaixonado é extremamente tolo!
Imagina milhões de coisas possíveis de acontecer
Até as impossíveis!
Por isso é o meu medo.
Coração é imprevisível
Nunca se sabe quando ele deixa de amar

O pior
Que sempre o início é um esplendor
Espero que sempre me permaneça no início e nunca no fim
Tenho medo
Medo de perder, de te perder
Traria você
Tomaria você no peito, só para mim

Meu amor maior
Meu tudo
Meu futuro indolor
Meu amor.

Pretérito perfeito

Fui
mas não volto mais
fiz tantos planos pra nós
mas você me jogou fora
pena
traria muita felicidade à você

Não sei aonde estou
mas me recordo dos momentos com você
era bom
você sabia disso

Se não me queira com você
porque então me trazer ao seu mundo?
só pra me fazer sofrer
só pra me fazer sofrer

Grande amor você tinha por mim
pra se esconder de mim
e me fazer sofrer
fui embora deixando você

Grande eu era,
espedaçado sai de ti
como lembranças formadas
e quebradas de um alto edifício
espalhado pelo chão

Éramos dois
era eu
era você
éramos nós
éramos amor

Agora é você
você e sua dor
sem arrependimento
é so você e sua dor agora.

Desabafo

Em meio a escuridão dessa noite na qual me encontro, estou me imergindo em um universo só meu.
Só eu sei onde posso ir, pois é nessa direção de escuridão e a luz que me auxilia é que podem me deixar rumar para onde os meus desejos se vangloriam.

Aqui me exprimo
Choro
Sinto alegria
Que são digamos um pouco raras ao um poeta que sempre sofreu, amou, mas sempre sofreu no final.

Mas o que se esperar de amores não correspondidos?
Não corresponderem ninguem é a resposta!
Gosto dessa solidão solitaria na qual me analiso e fico frente a frente com o meu eu!

Eu e as palavras na qual nunca disse a ninguém o quanto sou apaixonado por elas, e me mostram que a materialidade é que eu sou agora não serei amanhã....

Meu momento sórdido ficará obsoleto nessa escuridão que me ilumina mais do que uma tocha em uma caverna completamente pequena...

Essa luz escura que clareia tudo se chamar: amor pelas palavras....

As vozes dizem tudo

É chegada à hora...
Partir pra bem longe, partir um peito
Nunca se sabe quando se pode encontrar novamente um novo
Um que possa chorar por você,
Que possa dizer o quanto você faz falta
Que sofra por você sem se preocupar
Apesar das magoadas lembranças,
São boas
Sim, sei que são
Nas infinitas comparações de dimensões de amor
A nossa ficou entre as comparações perdidas
Perdidas em vozes que dirão mudas palavras que doem mais e mais
as mesmas vozes que disseram eu te amo
agora dizem o silêncio
as palavras mudas que significam que não há mais amor
pois agora estão mudas
mudas por inexistir amor.

Introdução

Começo a redigir meus versos
A partir de um poema que pouco me veio o sentimento,
No qual ele exala.
Esse só é um dos perfumes que poderá enfeitar meus singelos versos...