Chuva

Eu me precipitei
as chuvas precipitam
as lágrimas,
caem
Com certeza

Moldavam o meu amor
na terra
de tanto cheiro,
ficou molhada

Eu me precipitei
As chuvas precipitavam,
as lágrimas,
caem
com certezas

lembrando a plantação do renascer
rizomaticamente
colorida

Fios

Nos meus braços estão as teias
cobertas e preenchidas de
Vazio

Nos meus olhos estão as veias
cobertas por um cobertor
Fino

Disparate velho
à navegar tristonhamente no mundo
descobri que
na loucura do instante
solidifiquei-me, desfigurei-me
a cada hora que canta o galo
na madrugada

Esquartejei meus poemas
Soletrei cada parte do meu corpo
Vingando-me
Da minha ignóbil natureza matutina
E todos os dias sustento
um vazio eloquente

Nos meus braços não estão:
os dias, as noites
mas a madrugada, sim
tosse todos os pedaços de espelho
em meu rosto

por isso desfiguro-me.
Apanho alguns cacos
Providencio cola,
Mas só

Da gota serena

Se o dia vem
ou vai embora
o tempo por certo navegará

nas ondas das memórias
do chá que deixei
por tomar

Se as ondas sonoras
vão para o rio mais próximo
ou para a poça que quis plantar

Foram poucas as chuvas
ainda alegres
a me regaram nesse lugar

Haverá cor
desfigurada no solo
húmus na alma

indo à fronteira da próxima cidade
linhas que gotejam, tortas
mapa que plantei,

num círculo profundo
eu ainda menino no mundo
pra quê ser rei?

se a estrada é longa
logo,
sou avião de papel
um dia
haverá novidade avuando
e a estrada me ligando
naquilo que sou
com o que serei