Surra à Pátria

Meus olhos estão vidrados
Rachados, trincados.
Pelo soco levado
Da minha pátria amada
Que antes fingia me afagar
E agora, me cala com um soco no estômago.

Trincado olhar
Veja duas bandeiras, duas moedas, duas gentes
Uma sem chão, desde o barro ao sentimento
Outra marcada por um egoísmo vigente, sem dente
agora estou, um soco na boca agora me restou

Ah povo, por que tanto a roda gira
E teima em passar por cima dos nossos pés?

Ah pátria, tanto amor eu tenho, e mesmo apanhando
É de sabedoria nossa, que até amando e lutando
Também mostraremos nossos dentes.

Miocárdio Meu

E coração que bate?
Com suas veias e artérias
Gorduras e aréolas

Qual amor oxigena teu coração?
Com seus átrios
Não simétrico
Abrindo e fechando suas portas
Pra tanto amor passar

Penso, que meu amor não é simétrico
Rosa, vermelho ou esbelto
Nada ideal
Meu tipo de amor carrego comigo
Assim, meio achatado e espremido por bombas de ar
Para que não me faltem suspiros
Quando ele disparar
Não o é perfeito
Segue seu ritmo
Acelera, desacelera

Este é o meu coração
Pra mim
Nenhum órgão de sentido.