É pra solidão
todas as cartas que escrevo
todo o vazio eloquente que encomendo
às noites sem internet
é pra mim que prescrevo
doses de nenhuma procura
doses de nenhum encontro
o silêncio
quero muros aqui e acolá
das paixonites exigentes
mas aprendi
com demora
a não sabotar meus silêncios
Eu não ligo
é para o amor que escrevo
o meu,
pra ter amor por outrem
tenho que estar inteiro
hoje
sou pó, que seca
depois de ser rio
Ou poeira cósmica
na lama de alguém.