Negro de mãos atadas
de cabelo amarrado
cabeça sempre raspada
saudosismo renascentista
nunca ouviu
nunca pediu
Foram esculpidas
as esculturas dos grilhões,
o sangue, tinta a óleo
não desenhavam mulheres rococós
no barro batido
mas
haveria modernismo
nos estilhaços de sangue
no terraço da senzala,
Arte in vitro?
Pede alforria
a belle époque opaca
não nos serviriam paletós ou espartilhos
a espera
grilhões-pulseira
Olhos
pairavam sobre a paisagem
e aos ancestrais olhos
não cabiam ousadia
Já na Terra Mãe sagrada:
“ - Minhas faces de palha levaram,
e essas bugigangas deixaram,
dizem seres da arte! ”
Negras
de mãos dadas
também são rebelião!
Arte, salva-te!