Encontro Óptico

Teus olhos tinham cor de ferida,
Ferida ainda aberta, em processo de cicatrização
- Queira Deus que estejam abertas!
Para acalentar teus distritos
E poder eu, cicatriza-las por dentro da pele

Como são interessantes as pessoas que não conhecemos!
Você somente observa com fortuito olhar. Nela estão nossos contos
Aquarelados de fantasia, romances carnais e sepulcrais

Eu reconheço-te, grande outra, pelos olhos.
Porque quando te olho, não te vejo por completa
E sim o que escapas ter.

O que sei de ti, me desculpe
Vai ficar somente guardado nativamente
Na retina das minhas órbitas.
É segredo óptico.

Intimidade

Me perdi nos ritmos cardíacos dos teus Mandalas
Que pendurados em tua face, hipnotizam todas as culturas

- Ela queria que fosse tua...
- E eu queria que fosse dela...

Minha alma deitou-se tão acomodada em tuas costas
Que tuas plumas flutuavam, afogando-se em minhas pernas
e quem diria, que o galo não mais cantaria,
no bairro São José, nada disseram

Enfim, por mim
Meus pés estavam finalmente fiéis
A andarem nus
pelo chão da tua casa.

Retrato Passional

Me despi.
Em casa, dobrei a liberdade e pus em cima da cama
Era noite com orvalho, e minhas mãos sugavam o ar.
pareciam desmascarar meu passado

Me vesti
Não percebi que ao sair de casa,
Um pássaro absorto pela manhã estava em algum ponto,
Dormindo fatigadamente.
Absorto estava eu ao querer minha vaga no mundo!
Dorme a cama, no silêncio interminável
E eu no mundo, lá fora...

Com que sonham os bichos?!