Estelita

Não sei qual o sabor
Qual o cheiro
O gosto

Mas, ao escrever-me, basta.
Sinto como flor quente
Acirrada, afincada, enraizada.

Para quê comparação com flor meu deus?
Cadê meus cotidianos, teus descalços
Pelo chão frio, boca da noite, hora da matina?
O fechar da geladeira, em busca de outra comida?

Sim me possuis, mas não como queres
Mas quando desejas,
Chega.

Convidada

Convite feito, convite prometido
Minhas asas recuadas, ensaiam voos
E as tuas tão abertas, voam.

Limpaste com teu cheiro e longos cabelos
Os sons estridentes da minha sala
Abriste uma nova janela
Trocaste o papel de parede, agora com bolhas
Mas adorei o tom

Cobertor novo, cereja de bolo
- É festa na casa!
E foram tantas as valsas francesas, acompanhadas de acordeões,
Que dançamos sobre seus acordes corporais.

Grato pela visita
Fico preparado, pois também tens tua casa.
Que visita!
As férias acabaram
Outubro já vem em cima
Até mais ver, olhos lambuzados.